AS ESTRELAS DO UNIVERSO

- Eu te amo.

- Eu também te amo.

- Mas... É serio. Eu amo mesmo

- Eu também...

- Sério mesmo. Amo você a quantidade de grãos de areia no mundo todo.

- Ah eh? E eu amo vc a quantidade de gotas do oceano.

- Ainda assim eu amo mais então.

- Ta louca? Tem muito mais água no mundo que areia

- Como assim? Já viu a quantidade de areia que tem só aqui?... e mesmo assim, você disse que me ama só as gotas do oceano, então tirando as gotas de água doce, eu amo mais.

- Vc não sabe de nada mesmo hein. Sabia que só 2% da água do mundo é doce. O mundo esta em crise.

- Ta bom então. Eu te amo como todas as estrelas do universo.

- Apelou hein.

- Mas é serio, já pensou como tem estrela no universo. Que a quantidade de grãos de areia no mundo nem se compara com a quantidade de estrelas no universo todo?

- Vc já foi lá?

- Não.

- Então nada feito. Ainda ganho

- Como???! Nada feito. O universo eh bem maior que o mundo

- Mas eu preciso de provas, minha querida, provas.

- Mas eles têm provas.

- Você acredita em tudo que eles dizem mesmo né?

- Mas são números, dadas, estatísticas... Exatas e tudo mais.

- Já pensou que a gente podia ta numa serie de tv. Falando esse tipo de besteira?

- É?

- É. Ficar assim um tempão só falando potoca dá audiência nas series.

- Verdade então.

- ...

- ...

- Sabe o que uma galinha falou pra outra?

- Pó?

- Não, não... Sabe o que uma galinha falou pra outra quando tavam fazendo café?

- Quer café?

- Há, que engraçado hein?

- Pó quer café? Pó.

- É nessas horas que os nossos telespectadores vão mudar de canal.

- Chato!

Rins, cabeça e pernas.

Hoje foi um dia daqueles. Eu acordei tarde, comi muito e mal; pensei: - por que não? Porque não e pronto. Por fim passei mal e ainda empanturrado sai de casa.

36 graus nessa cidade litorânea, calor combina com azul, e provavelmente meu suor combina com a cor dos meus olhos. Foi de casaco azul que eu sai empanturrado de casa.

No ponto, um pouco afogado no meu suor e no calor escaldante que agora passa dos 37 graus e subindo, subindo, percebi que meu suor não combinou em nada com meus olhos. Resolvi tirar a roupa. – Assim do nada, Gabriel? NÃO... Eu precisava de um plano.

Existia uma loja há mais ou menos 7 Km de onde eu existia ali parado e suado, e azul, encasacado nas minhas más decisões. Existia também em média cinco linhas de ônibus que passavam pela loja, todos que passavam pelo meu ponto,..., Todos menos um...: - Não vai dizer que você pegou justamente esse? – Isso mesmo.

Agora eu estava a 9 Km da loja e ainda suando em bicas.

Peguei o ônibus certo e fui injustamente taxado de viado, : - VIADO! Assim mesmo na cara dura. Não sou contra o homossexualismo, e defendo a causa deles, mas não acredito que aqueles rapazes procuravam ativistas do campo GLS.

Desci do ônibus escorregando em ondas de suor, aos 40 graus litorâneos. Comprei uma roupa qualquer e fui trocar no banheiro... Minha mãe sempre disse que havia um traficante de órgãos, rins, especificamente. Ele me seduziria com um saboroso pirulito e eu não resistiria. Acabaria com um bilhete dentro de mim sob uma sutura mal feita, avisando meus pais que me arrumassem um novo rim, que o meu eles tinham vendido, e viajado pra algum país tropical e quente, onde eu suaria tanto quanto agora. Sai de lá completo, rins, cabeça e pernas. O suor acabou e o dia também, esfriou e estou em busca de um casaquinho numa loja a uns 12 km daqui. Fazem 20 graus e ta diminuindo.

Se brincar hoje vai ser uma noite daquelas...